segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Vazia...

Faz alguns dias que me sinto assim... vazia de palavras...
Abro um documento, quero escrever... mas a palavras não vêm... escondem-se em recantos de mim, por de trás de ideias que gritam para serem colocadas no papel, por trás de sentimentos que em silêncio me arranham o pensamento com vontade de sair... Palavras... às vezes tão presentes, outras tantas tão ausentes...
Sinto-me asfixiar, sinto-me entristecer... quero deixar saír o que me pede intensamente para ser libertado mas as palavras outrora amigas e companheiras hoje ficam presas nos dedos, ficam coladas no pensamento... ficam "longe" de mim... ficam algures nas ruelas do meu mundo...
E eu vejo-me render perante uma luta que travo intensamente à alguns dias... Vejo-me caír, no pensamento meu, junto a um campo verde pintado com várias cores e com cheiro a Primavera... vejo-me fitando o azul do céu e construindo imagens com as poucas nuvens que o preenche... vejo-me perder em pensamentos e sentimentos de mundos distantes... talvez ausentes... talvez imaginários... talvez inexistêntes até na memória de mim...
Sinto-me perdida, mas sinto-me bem... sinto a brisa tocar-me a pele suave e corada do sol... sinto o sabor que o vento calmamente me deslisa pela pele... ouço o toque brusco de uma folha que se soltando da árvore, atrás do meu corpo deitado, desenha um caminho ondulado até tocar a relva que sinto debaixo do meu ser... Agarro com força essa mesma relva, esticando os dois braços ao longo do meu corpo e permanecendo deitada... aperto-a com força e posso senti-la dissolver-se nos meus dedos... nesse momento, sinto-me natureza... sinto-me de algum lugar... encontro-me dentro de mim... quero descrever esta imagem e as palavras fogem, escondem-se nos meus recantos... fecho os olhos, não consigo escrever... uma lágrima descreve um caminho leve no meu rosto, ouço o seu toque ao caír ao chão... não quero mexer-me.. não agora, não tenho força... num suave instante o vento toca-me o rosto e sussurra-me ao ouvido palavras de esperança... e depressa esta brisa me arranca do rosto o caminho que a lágrima que caíu foi traçando... levando para longe de mim e do meu mundo qualquer sentimento que podesse deixar...

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